domingo, 17 de maio de 2015

Shenzhen - Uma Viagem à China


Shenzhen é um relato de viagem em história em quadrinhos que traz as observações de Guy Delisle sobre a vida nessa fria cidade do sul da China, situada ao lado de Hong Kong, e isolada do resto do país por cercas elétricas e vigiada por guardas armados.

Ao observar a capa, o leitor de início percebe o nome da cidade, a seguir tem noção de que o livro trata de uma estadia na região – afirmada pela cor vermelha, em referência à China (tanto sua bandeira como seu regime político). Nota-se um personagem que caminha em paralelo a um grupo de profissionais compenetrados em suas mesas de trabalho. Em destaque, esse personagem é um andarilho, um observador.

Trabalhando para uma empresa européia de animação que terceiriza o trabalho para estúdios asiáticos, o autor nos narra sua experiência de vida no trabalho, na relação com as pessoas e também nos mostra os costumes do país.

Delisle opta por narrar a cidade a partir de diferentes pontos de vista. Após uma primeira página em que aponta a localização geográfica de Shenzhen, inicia a narrativa com uma seqüência de panorâmicas de construções da cidade e detalhes das ruas, do trânsito. Logo na primeira seqüência do álbum, uma série de legendas diz: “Shenzhen, dezembro de 1997 [...] Estou de volta à China. [...] Reencontro o que já havia esquecido: os odores, o barulho, a multidão, a sujeira, o acinzentado por toda parte”.




Shenzhen foi a primeira região da China a ser declarada Zona Econômica Especial, e é um dos locais onde grande parte da população chinesa almeja morar e trabalhar: em poucas décadas, a pequena vila de pescadores se transformou em uma megalópole de 14 milhões de habitantes.



Este crescimento acelerado e dirigido, voltado exclusivamente para os negócios, tornou-a uma cidade fria e impessoal, o que é sentido na pele por Delisle. A solidão de expatriado é uma constante na vida do autor, que realiza experimentos e brincadeiras para tornar sua permanência de três meses na cidade um pouco mais suportável.


Ao desenhar o cotidiano dele durante sua estada em Shenzhen, o autor  descreve na graphic novel as inúmeras situações curiosas, engraçadas e trágicas pelas quais passou. Em um dos trechos ele faz uma comparação entre a visão de Dante sobre o Inferno e o que, para ele, seria essa visão segundo os chineses. 


Recomendo fortemente a leitura dessa HQ, pois os leitores (professor e alunos) terão um bom referencial para debater temas como Geografia,  Economia, Política, História e Direitos Humanos, além de conhecer um pouco mais sobre uma China desconhecida.

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