Tycho Brahe nasceu em 14 de dezembro de 1546 na cidade de Skane, Dinamarca. De uma família nobre, foi criado pelo tio do qual também herdaria grande fortuna. Com apenas 13 anos, foi obrigado a estudar Direito na Universidade de Copenhague. Nessa época, o menino soube que astrônomos haviam feito a previsão de um eclipse. Quando viu que a lua cobriu parte do sol bem na hora prevista, Tycho ficou encantado com a idéia de adivinhar o que aconteceria no céu a partir de observações feitas daqui da Terra
O eclipse fez Tycho largar a faculdade de Direito e ir para a Alemanha estudar astronomia. Ele foi um astrônomo observacional em um período que antecedeu à da invenção do telescópio, e as suas observações da posição das estrelas e dos planetas alcançaram uma precisão sem paralelo para a época. Estudou detalhadamente as fases da lua e compilou muitos dados que serviriam mais tarde a Johannes Kepler para descobrir uma harmonia celestial existente no movimento dos planetas, padrão esse conhecido como leis de Kepler.
Tinha um temperamento irascível, era beberrão, comia muito e adorava meter-se em disputas. Em uma delas, em 1566, ainda estudante, duelou com um nobre dinamarquês, Manderup Parsbjerg por ter falhado a previsão astrológica da morte de Solimão, o Grande. No duelo, acabou perdendo um pedaço do nariz. Pelo resto de sua vida ele usou uma prótese que seria de ouro e prata.
No dia 11 de novembro de 1572 Tyhco teria o privilégio de contemplar um evento celeste que o deixaria ainda mais maravilhado: a explosão de uma supernova, uma estrela de grande massa que ao morrer emite um pulso de luz de curta duração (em comparação com seu tempo de brilho), porém de grande intensidade.
A fama de Tycho se espalharia por toda a Europa, a ponto do rei Frederico II, oferecer-lhe uma ilha de presente (Hven), perto do castelo de Hamlet, em Elsinore. Tycho era um magnífico observador e em sua ilha dinamarquesa dispunha de instrumentos de excepcional precisão para a época. Graças a essa refinada aparelhagem, obteve uma enorme quantidade de dados sobre os movimentos planetários.
Aperfeiçoou os instrumentos já existentes e inventou outros totalmente novos. Construiu vários relógios (clepsidras, baseadas no escorrimento da água, ampulhetas de areia, velas graduadas) que utilizava simultaneamente para obter medições o mais precisas possível. Tinha um observador e um marcador de tempo a trabalharem juntos. Com o Quadrante e o Sextante, a precisão das observações passou de 10 minutos de grau para a ordem do minuto.
Como as Novas (Supernovas) e os Cometas já eram conhecidos há muito tempo, Aristóteles desenvolvera sobre eles a seguinte teoria: A Terra, aquecida pelo Sol, originava fumaças secas ou nuvens húmidas. As fumaças procuravam o seu lugar natural e subiam acima das nuvens, que, ao condensarem-se e caírem, obrigavam as fumaças, que subiam, a vir para baixo; então inflamavam-se, originando estrelas cadentes ou meteoros. Mas quando as fumaças subiam muito alto, quase até o limite da camada celeste, inflamam-se muito mais e então formavam os cometas. Brahe fez foi romper com esta interpretação aristotélica comum entre os cientistas.
As observações de Tycho Brahe mostraram que o cometa se movia entre as esferas dos planetas, e, portanto, que o "céu" não era imutável, e as "esferas cristalinas", concebidas na tradição aristotélica, não podiam ser entidades físicas. É o que ele explica no Mundi Aetherei Recentioribus Phaenomenis (Sobre o Novo Fenómeno no Mundo Etéreo), que publicou, em 1588
Em 1588 o rei Frederico II faleceu. Tycho foi desatencioso com o novo rei, Christian IV, e com os nobres da corte. Isso lhe custou uma drástica redução em seus rendimentos até que, em 1597, Tycho deixou a Dinamarca com todos seus equipamentos, mudando-se para Praga. Ali, no ano de 1599, o Imperador Rudolph II o nomeou matemático imperial e em 1600 Tycho contratou o alemão Johannes Kepler (imagem ao lado) para ajudá-lo.
As medições que Tycho Brahe deixou eram tantas e tão precisas que Kepler usou-as para formular as Leis do Movimento Planetário. Kepler conseguiu interpretar corretamente o movimento orbital de Marte, e daí conseguiu deduzir que todos os planetas (inclusive a Terra) giravam em torno do Sol e que suas órbitas não eram circulares, mas elípticas.
Para Tycho todos os planetas, menos a Terra, giravam em torno do Sol – e o Sol e a Lua giravam em torno da Terra. Com tal sistema, o astrônomo dinamarquês imaginou ser possível formular um modelo melhor que o de Nicolau Copérnico (1473-1543). Mas ele morreria antes de tentar comprovar sua teoria.
Por centenas de anos, a crença geral foi que ele teria morrido de um problema na bexiga. Foi dito que ele teria evitado de sair do banquete antes do fim, por boas maneiras, e que teria estressado sua bexiga ao limite, desenvolvendo uma infecção que o matou. Essa teoria foi apoiada pelo relato de Kepler. Ele permaneceu doente por onze dias até morrer em 24 de outubro de 1601. Consta que teria dito a Kepler: "Ne frustra vixisse videar!", "Não me deixe parecer ter vivido em vão".
Investigações recentes sugerem que Tycho não morreu de problemas urinários, mas de envenenamento por mercúrio: níveis elevados foram encontrados em seus cabelos e na raiz dos cabelos. De acordo com um livro de 2005 de Joshua Gilder e Anne-Lee Gilder, há evidências substanciais de que Kepler assassinou Brahe; eles argumentam que Kepler tinha os meios, motivos, e oportunidade, e roubou os dados de Tycho com sua morte. De acordo com os Gilders, seria improvável que Tycho tivesse se envenenado, uma vez que ele era um alquimista conhecido por ser familiarizado com a toxidade dos diferentes compostos de mercúrio.
Após a sua morte, os seus registos dos movimentos de Marte permitiram a Johannes Kepler descobrir as leis dos movimentos dos planetas, que ajudaram a comprovar teoria heliocêntrica de Copérnico.
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