Reflexões acerca do uso do solo e da mobilidade urbana orientam os debates atuais sobre a organização e a gestão dos grandes centros urbanos, e sobre as novas possibilidades de atuação dos agentes modeladores do espaço.
Dentre as várias temáticas trabalhadas pela Geografia, os meios de transportes são aquelas responsáveis pela organização da estrutura espacial das redes e dos fluxos em diferentes escalas espaciais e contextos históricos.
A distribuição das atividades humanas pelo espaço ocorre por meio de interações ou viagens. A procura ou demanda por viagens leva à implantação de infraestruturas de transporte que aumentam a acessibilidade local , influenciando, a longo prazo, nas decisões de localização e nas mudanças nos usos do solo, como mostrado na figura s seguir.
Ao estudar a mobilidade procura-se entender, na reprodução do espaço geográfico, a sua lógica de organização nas interações e interesses dos fatores políticos, econômicos e sociais, fundamentais ao entendimento do planejamento do uso e ocupação do solo.
A mobilidade é um tema amplo, que ultrapassa a discussão sobre o transporte e envolve questões relativas à história da ocupação dos territórios, ao crescimento econômico e social do país e a suas escolhas e políticas públicas.
Por exemplo, o crescimento das grandes cidades brasileiras coincidiu com o fenômeno do êxodo rural, com as altas taxas de fecundidade, crescimento populacional e também com a instalação da indústria automotiva no país: questões muito comuns em estudos geográficos.
O termo mobilidade faz referência às diferentes respostas dadas pela sociedade às necessidades de deslocamento, abrangendo os sistemas de transporte, circulação, acessibilidade e trânsito. É o que mostra o Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana. Clique aqui e confira o documento completo!
Nesse documento, do Ministério das Cidades, é apresentado um novo conceito, o de mobilidade urbana sustentável, no qual os deslocamentos visam o acesso democrático ao espaço da cidade, de forma a priorizar os modos coletivos e não motorizados de transporte, justificado pela redução ou até da eliminação da segregação espacial, além do incentivo a inclusão social e da sustentabilidade ambiental.
Observando apenas esse conceito, é impossível não destacar a importância da Geografia como uma ciência orientadora dos debates sobre a mobilidade urbana!
No espaço urbano, a eficácia e a eficiência da mobilidade urbana são dois indicadores da qualidade de vida da população. Todavia, grande parte das relações sociais no mundo contemporâneo estão pautadas no consumo e no individualismo, negligenciando o coletivo.
Por isso, o modelo de mobilidade vigente (como expõe o Plano de Mobilidade Urbana do Governo Federal) que prioriza viagens motorizadas individuais e um sistema viário voltado à circulação do automóvel, vem se mostrando ineficaz e desgastado.
Para reflexão sobre essa questão, deixo uma animação produzida em 1950 pelos Estúdios Disney. A mesma faz uma denúncia ao comportamento agressivo e individualista dos motoristas no trânsito. No desenho, Pateta representa o senhor Walker (senhor Pedestre) que, ao entrar no seu automóvel, se transforma no senhor Wheeler (senhor Motorista).
Observe a animação e analise os seguintes pontos:
Como podemos associar os perfis comportamentais do senhor Walker e do senhor Wheeler ao modelo de mobilidade vigente?
Para as questões de transporte e mobilidade, o uso do solo é uma fator que pode ser ignorado? Por que?
Como uma política de mobilidadde urbana sustentável poderia valorizar o cidadão com perfil típico do senhor Walker?
Obs: Você vai perceber que a Geografia pode contribuir bastante para resolver essas e outras muitas questões!
Um comentário:
Parabéns pelo Blog e belo bom conteúdo!
Realmente uma questão muito importante a mobilidade. O poster mostra uma boa reflexão.
Também sou Prof. de Geografia. Dê uma olhada nos links, quem sabe podemos fazer uma parceria.
http://judsonmalta.blogspot.com.br/
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