Ele apresentou a proposta de ações de incentivo à agricultura familiar e à criação dos restaurantes populares. Foi presidente do Fundo para a Agricultura e Alimentação da Organização das Nações Unidas (FAO/ONU), foi indicado por duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz e recebeu o título de Cidadão do Mundo.
Em suas obras, provou que a questão da fome não se tratava do quantitativo de alimentos ou do número de habitantes, mas sim da má distribuição das riquezas, concentradas cada vez mais nas mãos de menos pessoas. Por isso, acreditava que a problemática da fome não seria resolvida com a ampliação da produção de alimentos, mas com a distribuição não só dos recursos, como também da terra para os trabalhadores nela produzirem, tornando-se um ferrenho defensor da reforma agrária
O mapeamento do Brasil a partir de suas características alimentares deixou clara a trágica situação da fome no país, que não poderia mais ser atribuída a fenômenos naturais, mas a sistemas econômicos e sociais que poderiam ser transformados para o benefício da população.
Partiu para os estudos de Geografia, a fim de localizar as áreas de fome endêmicas no mundo e as implicações provocadas pelas condições naturais e pela organização social. Preocupou-se também com os estudos da Sociologia e da Economia Política, que têm implicações acentuadas sobre o problema alimentar; daí a sua visão de totalidade do problema da fome e o norteamento dado tanto aos seus estudos quanto à sua ação política nos planos nacional e internacional.
Ao dividir o país em grandes regiões sem se ater à divisão estabelecida anteriormente pelo IBGE, Josué de Castro procurou caracterizar formas típicas de casos esporádicos, de crises epidêmicas e endêmicas. Para cada região, procurou indicar os principais problemas decorrentes de carências alimentares, como por exemplo, as protéicas nos dois nordestes, na Amazônia e no Centro-Oeste; as de cálcio, com manifestações de raquitismo, em todas as regiões; as de ferro, provocando anemias típicas, na Amazônia e no Nordeste açucareiro; carências de cloreto de sódio, expressivas na Amazônia e no Nordeste; as de iodo, responsáveis pelo bócio endêmico, comuns no Sertão nordestino, no Centro-Oeste e no extremo Sul; carências de vitamina A, responsáveis por moléstias como a hemeralopia, a xeroftalmia e a queratomalacia, com grande incidência em todo país, à exceção da Amazônia.
Em 1962, foi designado embaixador-chefe da delegação do Brasil junto a ONU, em Genebra, cargo que ocupou até 1964, quando seus direitos políticos foram cassados por dez anos, depois do Golpe Militar do dia 31 de março.
Josué de Castro foi essencialmente um geógrafo, sempre salientando a importância do método geográfico e a influência de pensadores da área para compreender a realidade com que convivia. Tal método obrigava-o a interpenetrar as grandes formulações científicas com as observações de campo. Interpenetração que impedia, ao contrário do que ocorria com outros grandes pensadores, de ser levado à alienação, à formulação de projetos elaborados em outras regiões para a realidade do Brasil e do mundo dito subdesenvolvido.
Exilou-se em Paris, mas apesar da sua grande atividade, nunca se conformou com o exílio.
A seguir, um excelente documentário intitulado "Josué de Castro, Cidadão do Mundo", de Silvio Tendler.
Direção: Silvio Tendler
Roteiro:
Adolfo Lachtermacher, Josué de Castro Filho, Silvio Tendler, Tânia Fusco
Elenco:
Francisco Milani (Narrador/voz), José Wilker (Narrador/voz)
Produtores:
Adolfo Lachtermacher
País de
Origem: Brasil
Ano: 1994
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